29.6.09

A Festa - Parte XV

Clara estava entrando na cozinha quando viu Ana abraçada com Gabriel. Ficou parada, na penumbra do corredor, vendo a garota sussurrando algo para o rapaz, mas Ana falava tão baixo que ela não entendia o que a amiga falava. Assim como também não entendeu a mão de Gabriel na cintura dela e a dela ao redor dos ombros do moço. Sentiu um misto de nojo, excitação, raiva e repulsa pela amiga. Pigarreou e saiu da sombra, para sua surpresa, Ana não soltou Gabriel, apesar do rapaz ter tirado a mão da cintura dela e colocado sobre a pia.
- Oi Clarinha, que bom que você apareceu, vem aqui... me dá um abraço, querida? Acho que vamos ter companhia pra viagem - os olhos da moça faiscavam. Clara se aproximou, mas não a abraçou - Tá com ciuminho? Fica assim não... o Bel tem namorada... ainda, não é, Bel?
- Ana... cê tá maluca? A Melissa tá na sala... vai que é ela que aparece aqui, e não eu? Ia dar a maior merda, sua doida!
- Que ela aparecesse... nem ligo, tou convencendo o Bel de viajar com a gente...vai ser bom ter um homem de verdade conosco...não acha que ele é bom, Clarinha? Melhor que aquele mané do seu ex... ainda bem que não vamos mais ter de encontrar com aquele bosta... bem melhor pra gente, não é, querida?
Clara estava pasma, Gabriel viu como a moça empalideceu quando Ana tocou no nome de Edu. parecia que agora algo estava se encaixando. As duas haviam aprontado alguma com ele... só podia ser isso, ele resolveu arriscar... - E se eu não der conta de vocês duas, Ana... tenho uma segunda chance? Ou vai me colocar porta afora?
A moça riu, maldosamente - Quem sabe te dou uma segunda chance... mas não sei se rola uma terceira... tem de trabalhar direito... senão roda... vai pra vala - a gargalhada veio junto com um brilho demoníaco nos olhos, Gabriel resolveu arriscar mais uma:
- Acho que cê tem genes desses insetos... onde a fêmea devora o macho depois da trepada... tem uma que come o macho durante a foda... pra garantir que ele não fecunde outra... e você, Ana?
- Não sei... mas a idéia é ótima - os olhos dela faiscavam - a primeira chega a ser até previsível... mas a segunda é muito excitante...

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19.6.09

A Festa - Parte XIV

Gabriel estava realmente intrigado com as atitudes de Ana. O fato da menina estar lhe provocando daquela forma só poderia ser o indício de que havia algo a ser escondido. Puxou pela memória, ela sempre o provocara, mas nunca tão abertamente. Fazia até sentido se ela realmente tivesse algum interesse nele. Mas... se fosse só isso, por que ela não tinha feito isso antes? Talvez a única maneira de descobrir fosse dando corda a ela.
- Então... vai que hoje eu armo uma cena com a Mel, arrumo uma mochila de roupa e sumo com vocês às duas amanhã para não sei onde. Deixo emprego, namorada, família, tudo pra trás pra te seguir, e aí? O que tem em mente?
- Tudo, gatinho! Tudo! - os olhos da menina brilharam - a gente pode fazer tudo... eu e você podemos fazer tudo, podemos ganhar muito dinheiro, ou levar uma vida nômade, pulando de lugar em lugar...
- Humm, uma aventura seria interessante... mas... como arrumaríamos dinheiro, ia deixar que eu fosse seu cafetão pra descolar algum?
Ela riu maliciosamente, rebolando até o rapaz e enlaçando-o com um braço, a outra mão fazendo um carinho no peito dele - E porque não, bonitão? Só descolar alguns trouxas pra depenar depois...
Gabriel acariciou a cintura da garota - Que bom que temos alguém aqui que não tem medo de coisa errada... e se algum otário desses reagir, a gente faz o que? Amarra, espanca, mata?
Ela aproximou-se da orelha dele e sussurrou, na voz mais sensual que ele imaginara algum dia ouvir - Podemos fazer isso tudo... não acha excitante?

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17.6.09

A Festa - Parte XIII

- É? Acha que ele não era bom?
Ana deu as costas, apoiou-se na pia, provocando - Nem um pouco... muito fraco... muita conversa, pouca ação - Virou-se para o rapaz, empoleirando-se na pia e abrindo um pouco as pernas - mas... vem cá? Por que tá perguntando tanto dele? Tá querendo mudar de lado, é?
- Não, Aninha... apenas tou achando estranho ele não estar aqui... agora cê vem falando que ele é fraco... acho que cê deu um cansaço nele, deixou ele mortinho, mortinho - ele não tirava os olhos dos olhos dela, querendo descobrir o que a moça encobria.
- Você é inteligente, Bel... mas eu sou mais - ela pulou da pia, colou o corpo no do rapaz - você sabe das coisas, capta no ar. Só que nem tudo. Você ainda precisa de algo pra me acompanhar. Mas você é o melhor dessa turma. Você que tinha de estar indo amanhã comigo. A Clara é legal, mas a sua companhia seria bem mais interessante... talvez nós três... ainda dá tempo... larga tudo, deixa a Mel, vem comigo - Ela passava de leve a mão no corpo do rapaz, o queixo colado ao peito dele.
- Péra... cê tá me cantando, é isso, é? Cê ficou louca? - por mais que ele quisesse se desvencilhar dela, não conseguia, além de ser uma mulher muito bonita e magnética, ele queria saber o que de errado estava acontecendo, e a única maneira, ela ver onde Ana queria chegar.
- Não estou louca não, Bel, mas você é capaz de me acompanhar, você é o único cara que encontrei que é capaz de pensar tão rápido quanto eu. Queria alguém assim comigo, alguém que pudesse me desafiar, não acho ninguém páreo pra mim. Olha lá na sala, um bando de idiotas. Aposto que já estão lá, fumando maconha, falando merda. A sua mulherzinha, tão submissa a você, mas fuma escondido, pra agradar os outros... eu que mandei o Zeca trazer os baseados, sabia que ela não ia resistir e eu ia ter um tempinho aqui com você. Bel... vem comigo e com a Clara, a gente pode se divertir um pouco... depois eu e você, sei lá... a gente pode fazer cada coisa que você nem imagina...

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2.6.09

A festa - parte XII


Gabriel não sabia bem o motivo, mas ir com Ana até a cozinha lhe parecia extremamente arriscado. Não conseguia entender a fúria nos olhos dela quando ele citara ela, Clara e Edu no meio da frase. Tinha algo errado ali, algo muito errado, ele só não conseguia descobrir o que era. O apartamento de Ana era um apartamento antigo, havia sido dos avós dela, num prédio pequeno, sem elevador, duas unidades por andar, mas o avô de Ana comprara o outro apartamento e fizera um só, imenso. O salão onde os amigos estavam era na frente do edifício, gigantesco pela fusão das duas salas de estar anteriores. Os quartos e banheiro ficavam no meio e a cozinha e a área de serviço se interligavam no último andar da construção. Havia uma distância considerável entre a festa e para onde ela o estava levando. Gabriel notou que, quanto mais eles se distanciavam dos outros, mais ela rebolava na frente dele. Seria apenas impressão sua ou ela o estava provocando? A danada sabia como o excitava. Chegaram na cozinha, ela se encostou lânguida na pia e olhou pra ele.
- Chega mais perto de mim... não vou te morder não... não agora. Tá com medo de mim?
Ele se aproximou dela, olhos fixos nos da moça - Não, não tenho medo de você não, Aninha... só tou achando estranho o Edu não estar aqui, ele não é o namorado da Clara?
Ele sentiu uma nuvem passando rapidamente pelos olhos da garota, até eles voltarem a ser manhosos e provocativos - Não... se você quer saber, ele saiu da vida, dela, ele não prestava, você sabe disso, não sabe? Sei que você também não gostava dele... não foi você que quase bateu nele uma vez?
- Sim... fui eu mesmo... incrível, não é? Eu, o mais calmo da turma... você estava lá, porque pergunta? Viu o que ele tava fazendo com a Clara, se eu não entro no meio ele ia acabar batendo nela de verdade... até comentei com a Melissa depois que era loucura dela continuar com ele, iam acabar se matando os dois.
Ana deu um sorriso malicioso - Será mesmo? Eu volto à pergunta que fiz na sala, será mesmo que ele seria capaz de matar a Clara? Ou a Clara de matá-lo?
- Já te disse, Aninha, vagabundo é capaz de coisas que até Deus duvida, ainda mais no calor da hora, conheço histórias assim, de gente que, num acesso de raiva, matou algum amigo, parente, sem querer.
- Sei... mas, vem cá... foi bonito aquilo de você ter protegido a Clara aquela vez... - ela se chegou mais perto do rapaz, passando a mão em seu ombro - eu bem gostaria de ter um homem assim, que me protegesse, sabe?
- Você? Até parece... você ia querer um capacho... cê é muito independente pra ter um "homem pra te proteger" - o tom era sarcástico, mas estavam cada vez mais próximos um do outro, Gabriel sentia os pêlos do corpo se arrepiarem com o calor do corpo de Ana tão junto do dele - Que mulher é essa, meu Deus, pensou ele.
A voz dela era cada vez mais sensual - O que você quis dizer quando achava que eu não gostava dele com a Clara? Hein? Tá insinuando o quê? Que eu e ela temos um caso? Aposto que ficou doidinho imaginando eu e ela na cama quando pensou isso, não foi, seu safado? - Ela levou a mão à virilha dele, que recuou num pulo.
- O que cê tá fazendo, sua doida? - A voz dele saiu entre os dentes, mesmo sabendo da distância e do teor alcoólico em que estavam os outros convidados, ele não queria nenhum alarde para o que estava acontecendo.
- Só queria confirmar o que eu já imaginava... acho que a Melissa passa um sufoco com você, hein? Tenho certeza que dá conta de duas, até de três... não é como o Edu, aquele ali, não dá conta de ninguém...

Mão e photoshop


PS: Pedindo desculpas... eu havia errado as postagens, a real parte VII estava faltando... já corrigi o erro... desculpem mesmo.

1.6.09

A Festa - Parte XI

Ana voltou com a cerveja, apoiou-se no móvel ao lado de Gabriel, inclinando-se para o rapaz, o decote à mostra, sussurrando- Tá quietinho... criança quando tá quieta é porque tá aprontando alguma coisa...- Não acho que seja tanto assim... quem tá com cara de quem andou aprontando é você. Nunca te vi tão animada, tão excitada...- Não viu ainda porque não quer... - ela se levantou um pouco, passando a mão rapidamente pelo rosto do rapaz - acho que você sabe com quem tá lidando, não é - e piscou maliciosamente.- Acho que você podia se controlar um pouco mais... a Melissa tá aí.- Isso não te excita não? Algo proibido? Eu adoro coisas proibidas, coisas impossíveis, coisas condenáveis. Você também, eu acho... toda essa sua pose de contido... acho que você bate na Melissa quando transa com ela... acho que te dá tesão isso...- Quieta.! Não coloca ela nessa conversa... o que eu e ela fazemos não é da tua conta, Ana. - olhou por cima dos ombros da menina, já estava de pé, ao lado dela, cada vez mais perto, Melissa e os outros convidados estavam entretidos num papo animado, ele e Ana pareciam estar em outro ambiente, de tão longe as ações se desenrolavam - acho que cê já tá indo longe demais.Ela passou de leve a mão na virilha do rapaz, que teve de se controlar para não dar um pulo de espanto. - Humm... acho que nossa conversinha já fez efeito... gosto de homem assim, que fica pronto rápido... um macho escoteiro... 'sempre alerta'. Ela estava cada vez mais próxima dele, ia acabar dando problema aquilo.Ele a afastou suavemente - calma, Aninha... não coloca a carroça na frente dos bois, não... sabe de uma coisa, acho que você é o motivo do Edu não estar aqui com a gente agora... algo me diz que ele não veio porque cê aprontou uma das tuas pra cima dele... acho que você não gostava dele com a Clara, não é is-... - ele nem terminou a pergunta e os olhos dela já estavam fuzilando-o, por um breve segundo... até que ela controlou-se, o semblante passando da fúria para a malícia.- Digamos que você tem alguma razão... mas... porque não vem até a cozinha comigo... preciso de alguém pra carregar peso...

Illustrator e Photoshop, testando um tutorial... foto: www.domai.com