27.3.09

A Festa - Parte VII



Gabriel passou por trás de Ana, pegando outra cerveja no isopor, como se nada estivesse acontecendo.
- Depende muito, Aninha, a gente é capaz de coisas que até Deus duvida...
- Mesmo? Eu apostaria que você não é capaz de matar nada que sangre... só mata barata mesmo, e porque a Mel pede.
- Apostaria o que? - Ele deu uma risada e se chegou perto da menina - e será que estaria disposta a pagar?
- Claro! Sempre pago minhas apostas!!!
- Sinta-se em débito comigo.
- Como assim?
Os outros amigos, à exceção de Bruno, que sorria no canto da sala, estava hipnotizados pela discussão dos dois. Gabriel agora tinha tomado o controle da situação das mãos de Ana, e enchia vagarosamente um copo com cerveja.
- Como assim, Bel?
- Simples... essas mãos que estão agora, servindo cerveja, que te cumprimentaram mais cedo, já se sujaram de sangue, queridona.
- Não acredito.
- Pois acredite - ele se chegou perto da moça, o olhar de superioridade irritando a anfitriã - lembra que já contei que tenho família no interior? Pois então... todas as férias eu ia pra lá. Quando minha mãe não estava, meus tios me deixavam matar as galinhas, aprendi a matar cortando e torcendo o pescoço delas. E matei uma cabra pro jantar de Natal uma vez. E um leitão em outro ano. Foi divertido, nem me senti mal, afinal, eu ia comer aquela carne depois... A cabra nós chegamos até a tirar uma foto limpando o bicho, o Bruno viu lá em casa uma vez, pode confirmar com ele...
Ana fuzilou o rapaz no canto da sala com os olhos, como se ele fosse o verdadeiro culpado por Gabriel ter lhe afrontado. A raiva durou pouco, ela logo se recompôs... - Se é assim eu já matei bichos também... matei várias lagartixas com a espingarda de chumbinho de um primo uma vez - ela postou-se em frente a Gabriel, as mãos na cintura, desafiadora.
O rapaz não aceitou a provocação totalmente, e com calma, encheu novamente a mão de amendoins, enquanto dizia, pausadamente, o olhar de desdém fixo em Ana - Então podemos fazer uma confraria, uma confraria de assassinos, mas eu terei de ser o Grão-Mestre, já que os bichos que matei sangram mais do que os que você matou. A garota engoliu em seco e ruborizou, abriu a boca, prestes a falar, quando foi interrompida por Clara.
- Vocês não têm assunto melhor não?


Illustrator

23.3.09

A Festa - Parte VI

- Bel, toma tua cerveja. E tem amendoins também.
- 'Brigado, Ana. Animada pra viagem? Cê fica quanto tempo mesmo?
- Muito, cara, estou maluca com a possibilidade de passar esse tempo fora, aprender espanhol... seis meses, passa rapidinho, cês nem vão sentir minha falta...
- Pode até ser que sim, pode ser que não, Aninha...
- Péra que vou ali atender à porta.
O rapaz ficou observando a moça sair, ela era extremamente provocante, louca, imprevisível. Além de linda. A gargalhada dela era linda também. deu mais um gole na cerveja quando ela entrou com mais um casal..
- Fala, Bel!
- Opa, beleza, Bruno. Oi, Dani.
- Mas como tem coisa gostosa aqui, Aninha!
- Sirva-se, Dani... vou na cozinha chamar o resto do pessoal.
- Que fartura, né? Bruno já estava montando um sanduíche de queijo e presunto enquanto Dani atacava os doces.
- É, mas sabe quando cê acha que tem algo de errado, só não sabe o quê? Como sair de casa achando que esqueceu alguma coisa, e só muito depois descobrir que o que ficou pra trás?
- Deixa de ser bobo... onde conseguiu a cerveja?
- Ana trouxe... ó ela aí de novo.
Atrás da anfitriã, Zeca, o outro convidado, trazia um isopor cheio de bebidas e gelo. Colocou-o sobre uma cadeira e trouxe uma lata de cerveja para os recém-chegados.
Clara e Melissa vinham logo após, rindo muito.
- Nossa... qual foi a piada? Quero rir também - disse Gabriel, enquanto abraçava a namorada e dava-lhe um beijo. Irritou-se eo sentir o hálito de maconha na menina, mas controlou-se, não era hora de reclamar e estragar a festa.
- A Clara, essa boba, fala tanta merda que é capaz de me matar de tanto rir.
- Falando em matar, vou matar o Sérgio, aquele féla tá com ums filmes meus há semanas e não entrega nem por nada.
- Que isso, será que você seria mesmo capaz de matar alguém, ainda mais um conhecido, Zeca? Acho que você não tem culhão pra isso...
Um silêncio pesado pairou pela sala, as bocas abertas à espera de petiscos e bebidas, olhos procurando-se uns aos outros. Mas o rapaz não deu muito tempo para a saia0-justa.
- Será? A gente é capaz de coisas que até deus duvida, Aninha...
- Eu sei... mas... - ela fez uma pausa, enquanto tomava um gole de espumante no gargalo, um fio da bebida descendo pelo pescoço até sumir entre os seios - você acha que alguém aqui dessa sala é capaz de matar alguém?
Foto: sxc.hu

18.3.09

A Festa - Parte V

- Boa noite!!! Gente, vocês capricharam na festa mesmo, hein? Quanta coisa!
Melissa e Gabriel entregaram as sacolas com cerveja para Clara e entraram no apartamento, espantados com a quantidade de comida sobre o móvel da sala.
- Precisava de isso tudo, Clarinha? - perguntou Melissa, enquanto enfiava um rolinho de queijo na boca, enquanto o namorado abria uma lata de cerveja e enchia a mão de amendoins.
- A gente só queria que todo mundo se lembrasse pra sempre dessa festa. Que o dia de hoje ficasse gravado pra sempre! - Ana entrou na sala, uma garrafa de vinho numa mão e um baseado enorme na outra. Ainda sem fumar, Mel?
- Tou sim... o Gabriel não gosta... aí eu parei de vez... nem tou sentindo falta, sabia.
Ana contornou a amiga, o namorado ainda estava às voltas com os amendoins da mesa. - Dando moral pra macho, sua bobinha? Quem te viu e quem te vê.. fica dando confiança, ele é legal, mas é homem, uma hora ele pisa na bola e você fica aí, reclamando do que não aproveitou. Zeca tá na cozinha, enrolando outro... vai lá... - ela deu um beliscão na bunda da amiga - enquanto isso distraio o Gabriel um pouco... só não abusa do Zeca, tá, danada!
Melissa saiu rápido da sala e ela se aproximou do namorado da amiga;
- Gostando, gato?
- Poxa... tem é coisa... vocês não economizaram, né?
- Não, gatinho... queríamos mesmo uma festa FODA, tá ligado, FO-DA!!!
- E tá mesmo... sabe da Mel?
- Tá na cozinha, ajudando a Ana - estendeu o cigarro de maconha para o rapaz - Quer?
- 'brigado, não curto... sabe que eu só bebo.
- Tou vendo que não tá dando trégua pros amendoins, vai usar isso tudo com a Mel? Ela agüenta o tranco? - Se aproximou do rapaz e acaricou-lhe o peito - Cê tem cara de quem trabalha bem....
- Ela tem de agüentar, né? Tá comigo... mas... porque pergunta isso?
Ela afastou-se, sorrindo.
- Por nada gatinho... só não gosto de desperdício... falando nisso... quer mais uma cerveja, a sua parece que acabou...
- Quero sim... traria mais amendoins também?
- Vou pensar se trago... pensar se vai valer a pena... - E saiu da sala, balançando a bunda o máximo possível.

4.3.09

A Festa - Parte IV

- Acha que fizemos tudo certo?
- Claro, bobinha... nos divertimos horrores e ele não vai nos aporrinhar por um bom tempo.
- Mas...
- Não tem mas nenhum! Você gostou, não gostou?
- É, gostei... foi diferente, excitante... muito bom... mas dá medo, né?
Ana leantou-se de um pulo, estava sem camisa e Clara não conseguia tirar os olhos dos seios que balançavam enquanto a amiga pulava no colchão.
- Muito, muito, muito excitante!! Nossa! Acho que nem se eu tivesse tomado uma dose cavalar de ecstasy eu estaria tão animada! Clara, tem noção do que a gente fez? Caramba, PUTAQUIUPARIU! A gente é foda, FODA!!!!
Ela se jogou na cama, pegou a amiga pelos cabelos e, após um beijo de leve nos lábios da menina, levantou-se novamente, pegando uma camisa sobre a mesa de cabeceira.
- Agora, vamos limpar tudo, arrumar tudo... temos três horas para deixar a casa sem nenhum vestígio do que aconteceu aqui... ninguém pode saber o que fizemos, não é, gatinha?

Photoshop, sobre foto sxc.hu