- Deliciosamente irresponsável?
- Sim, ele é uma criança grande, um humor maravilhoso, uma enorme alegria de viver, assim como uma criança. Sabe quando a criança faz uma arte, aí você vai zangar com ela e ela te olha com uns olhinhos que querem dizer que não fizeram nada de errado? Você consegue continuar brigando? Eu não conseguia, e não consigo até hoje.
- Sim... isso acontece comigo também.
- Acontece com todo mundo! Todos somos assim. Olhos carinhosos sempre nos deixam desarmados! Venha cá... quero lhe mostrar uma coisa - Ela se levantou e foi até a escrivaninha, abriu uma gaveta e tirou um retrato.
Estendeu a fotografia para o rapaz. Nela, um homem de costas, com o cabelo e a camisa manchados de verde, pintava uma parede com a mesma cor. O rapaz olhou inquisidoramente para a senhora de braços cruzados à sua frente.
- Sim, é ele. Eu havia acabado de sair da casa de meus pais. Ia morar sozinha, uma tia tinha um quitinete minúsculo que acabara de vagar. O inquilino anterior tinha arrasado com o imóvel, mas eu aceitei ir morar lá em troca de reformar e manter o lugar. Ele se ofereceu para me ajudar, passamos um final de semana juntos lá, pintando, arrumando. Ele me ajudou a escolher as tintas, colocar milhões de prateleiras para os meus livros e a montar os móveis que eu tinha. Uma cama e um armário. Ele trouxe uma mesa dobrável toda enferrujada que ganhou num bar ali por perto, lixou e pintou a mesa de lilás com flores amarelas e brancas. Meu apartamentinho ficou lindo, lindo. Minha tia quase quis voltar a morar lá depois que viu como ficou. Tirei essa foto quando ele deixou o rolo de tinta cair na própria cabeça. Ele era extremamente estabanado, desajeitado. Era hilário fazer qualquer coisa dentro de casa com ele. Até hoje, quando sei que ele vem, dou um jeito de tirar os bibelôs do caminho.
- Hummm, ele continua vendo a senhora?
- Acha mesmo que alguém com nossa história pára de ver um ao outro?
- Sim, ele é uma criança grande, um humor maravilhoso, uma enorme alegria de viver, assim como uma criança. Sabe quando a criança faz uma arte, aí você vai zangar com ela e ela te olha com uns olhinhos que querem dizer que não fizeram nada de errado? Você consegue continuar brigando? Eu não conseguia, e não consigo até hoje.
- Sim... isso acontece comigo também.
- Acontece com todo mundo! Todos somos assim. Olhos carinhosos sempre nos deixam desarmados! Venha cá... quero lhe mostrar uma coisa - Ela se levantou e foi até a escrivaninha, abriu uma gaveta e tirou um retrato.
Estendeu a fotografia para o rapaz. Nela, um homem de costas, com o cabelo e a camisa manchados de verde, pintava uma parede com a mesma cor. O rapaz olhou inquisidoramente para a senhora de braços cruzados à sua frente.
- Sim, é ele. Eu havia acabado de sair da casa de meus pais. Ia morar sozinha, uma tia tinha um quitinete minúsculo que acabara de vagar. O inquilino anterior tinha arrasado com o imóvel, mas eu aceitei ir morar lá em troca de reformar e manter o lugar. Ele se ofereceu para me ajudar, passamos um final de semana juntos lá, pintando, arrumando. Ele me ajudou a escolher as tintas, colocar milhões de prateleiras para os meus livros e a montar os móveis que eu tinha. Uma cama e um armário. Ele trouxe uma mesa dobrável toda enferrujada que ganhou num bar ali por perto, lixou e pintou a mesa de lilás com flores amarelas e brancas. Meu apartamentinho ficou lindo, lindo. Minha tia quase quis voltar a morar lá depois que viu como ficou. Tirei essa foto quando ele deixou o rolo de tinta cair na própria cabeça. Ele era extremamente estabanado, desajeitado. Era hilário fazer qualquer coisa dentro de casa com ele. Até hoje, quando sei que ele vem, dou um jeito de tirar os bibelôs do caminho.
- Hummm, ele continua vendo a senhora?
- Acha mesmo que alguém com nossa história pára de ver um ao outro?
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Um comentário:
Caminhando para o desfecho, começo a achar não mais que o jornalista vai comer a velhinha. Acho que o grande clímax ainda acontecerá com este terceiro vértice do triângulo. Mas vou esperar a próxima parte para tirar conclusões mais precisas.
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