7.9.09

Festa - Parte XXI


Ana deu um passo para trás, desarmada com a reação da amiga. Ela nunca havia levantado a voz pra ninguém, como é que se atrevia a gritar com ela agora?
- Como é que é? Agora eu sou louca? - Ana parou de apontar a arma para Gabriel e se voltou para Clara - Agora eu sou louca, não é? Muito bem! Quem é que adorava minhas idéias? Quem é que me apoiava em tudo que eu propunha? Quem concordava comigo enquanto gemia pra mim na cama? Eu que sou louca? Você que é uma louca! Você que não sabe o que quer! Adorava o Edu, achava ele o máximo, dizia que ele te fazia feliz, aí, de uma hora pra outra, vem chorando pro meu lado, pedindo ajuda, pedindo arrego.. quem é que enxugou seu choro? Quem te ensinou a sorrir de novo? Quem é que fez você voltar a sentir prazer, tesão, gosto pela vida? E agora você me chama de louca? Você que é louca, que não soube aproveitar o mundo que eu podia oferecer pra você!
O choro de Clara parecia ter secado, ela estava de pé, encarando Ana, sem ligar para a arma que a outra, possessa, havia momentaneamente baixado.
- Sim, você é louca! Completamente louca! Doida! Desequilibrada! - O dedo em riste de Clara intimidava Ana - Eu posso ser uma boba, uma fraca, posso até ser louca, mas louca de ter me envolvido com alguém como você! Você é louca, você é má! Você é um monstro Ana! Um monstro! Um monstro!
A mão com o revólver atingiu o rosto de Clara com violência, calando-a. A garota caiu no chão, um filete de sangue brotando do canto da boca. Ana aproximou-se da garota caída, segurando-a pelos cabelos com a mão livre.
- Calaboca! Fica quieta! Você não entende nada, você nunca entendeu nada! Tudo o que eu fiz foi por você. Por você! Pra ver se você se animava, se você vivia de verdade! Você não entende! Você merecia mesmo um pulha como o Edu!
- Não fala nele! Ele não presta, mas é melhor que você! E você fez com que ele não possa mais ser meu!
- Ele nunca foi seu, ele só estava com você porque é gostosinha! Mas é só aparecer uma melhor que você que ele te larga, ele teve o que mereceu, Clarinha, ele mereceu.
Gabriel entrou na conversa - O que vocês fizeram com ele, não me digam que...
- Acha que a gente fez o que com aquele canalha, Bel? Acha que matamos ele? Ou que mutilamos? O que acha que fizemos?
Gabriel havia recuperado a calma, e foi aproximando-se de Ana - Não sei... e tenho até medo de imaginar o que vocês fizeram.
Ana aproximou-se dele, balançando a arma, ameaçadoramente - Então quer dizer q o senhor tem medinho, não é? Tá com medo de mim, é? Acho que você tem é muito medo de mim, e nem é porque tou com o revólver na mão, sabia? - Ela começou a passar a arma pelo rosto de Gabriel, que controlou-se e não desgrudou seus olhos dos dela - Se fazendo de fortinho, não é? Hummm... mas deve estar se borrando de medo...SEU MERDA!!!
Desligada provocando Gabriel, Ana não viu Clara levantar-se e se jogar sobre ela, uma das mãos segurando seus cabelos e outra, a arma. as duas caíram emboladas, lutando pelo revólver. Gabriel e Zeca correram, tentavam separar as duas e arrancar a arma da mão de Ana quando um estampido soou. Os dois rapazes puseram-se de pé, assustados, as duas moças ainda abraçadas.
O tiro parecia ainda ecoar pela sala quando Clara levantou-se, a boca entreaberta, ainda com o fio de sangue no canto dos lábios. Atônitos, os amigos esperavam para ver quem tinha sido atingido. A garota ficou de joelhos e, subitamente, caiu para o lado. Uma poça de sangue escorrendo debaixo dela por sobre o piso. Ainda com o revólver na mão, Ana arrastou-se para perto da amiga, gritando, assustada com o que fizera - Sua doida! Olha o que você fez, me perdoa, Clara, me perdoa! - Ela abraçou a moça, chorando, beijando-lhe o rosto, suas lágrimas se misturando com o choro da outra.
Gabriel tentou aproveitar-se da comoção da garota e tentou tirar-lhe o revólver da mão. Ana deu um pulo para trás e voltou a apontar a arma para o rapaz - Viu? Isso é culpa tua, seu merda... se você não fosse tão curioso nada disso teria acontecido e a Clarinha ainda estaria conosco. Você matou a Clara, você matou a Clara!!!
Zeca debruçara-se sobre a moça caída, tentando ouvir-lhe a respiração - Gente, ela tá viva, ainda tá respirando, tá fraquinho, mas ela ainda tá viva! Chama ajuda, gente! Chama ajuda!

Um comentário:

Marcelo Alves disse...

O desfecho se avizinha. O que acontecerá com Ana?