
O jovem, normalmente muito falante, estava num silêncio respeitoso por aquela senhora de cabelos brancos e olhos instigantes. Estava tirando um gravador da bolsa quando ela falou pela primeira vez. A voz era suave e surpreendentemente jovem.
- Não precisa gravar não. Na minha idade já passei do tempo de contestar o que escrevem sobre mim. Não precisa nem anotar, escreva apenas o que achar que vale a pena. Ou o que sua cabeça lembrar, ou como ela lembrar, tanto faz.
Ele voltou o gravador para a bolsa, fechou-a e cruzou as pernas, os olhos fixos nos da mulher à sua frente.
- Então... acho que você quer saber como é que eu me sinto como uma escritora que teve um de seus obscuros livros relacionados como relevante por uma revista inglesa sobre literatura, não é, meu amiguinho? Pois isso não é o mais importante, sabia... um telefonema que recebi ontem foi mais importante que essa escolha. Sabe porque? Porque o telefonema veio de uma pessoa que me incentivou a escrever. A escrever esse livro, para ser mais exata. Quer saber dessa história? Ou acha isso apenas devaneios de uma velha senhora?
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